Assumo alma adentro o que é fundo, e que com suavidade me transborda de tudo. Assumo a alegria de ser, por meio do budismo, transcendência de mundo. No entanto, para ser parte abençoada deste Templo algo se fazia premente antes de lá chegar, como se mesmo antes de meus pés serem extensão do Templo, tudo me fecundasse de existência... Pois o passo não é mero passo ante o Templo. O passo é vocação e esmero que se articula com os pés. O passo é o caminho e o fim, posto à prova de qualquer confim. O passo é sorte e destino que comungam ao longo do caminho. Até que se faça em Templo o que era por enquanto bendito rastro. Até que se faça em vida edificada o que por vezes desmorona. Tal sensação de pertencimento não é fugaz, e vem plena de doce paz. Não apenas por que lá se é algo para além de si, mas também por que lá se é para o bem supremo do que há de si no cosmos.
Verdadeira comunhão de alma e corpo que já se expressa até
mesmo pela postura, pelo modo de ser mãos em estado de prece. E assim diante de
Buddhas que ao invés de olharem para algo, olham para o seu próprio cerne vital
- ao fazer e refazer as margens do sereno lago da consciência. E por certo
percebi que não há nenhum vitral que filtre a luz que, pouco a pouco, fulgura
no manto dourado destes Buddhas. Muito talvez pelo fato de a luz ser como a
nascente de um rio que não deseja nada que a despurifique. E quanto mais
presente se faz a latente verdade, mais o silêncio que lá reina conduz à paz
perfeita. Mais meus passos se renovam do desazo que é viver em desazo. Mais
meus passos deixam de ser fogo-fátuo para ser chama duradoura. Há deste modo no
meu passo toda a arte de ser passo para que jamais fique aquém da verdade de
ser passo. Meu passo é meu Bhuva.
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