quarta-feira, 29 de maio de 2013

Canto gregoriano no Mosteiro São Bento

Pergunto-me, ó Mosteiro, onde ainda prevalece o teu canto gregoriano, mesmo que pelo horário vespertino já esteja findo? Que marcas posso sentir ao longo de tuas paredes, de tal modo que me mostrem a tua clarividência? Em que parte do dom de tua cor diáfana jamais arrefece teus desígnios? Procuro-te na imagem dos santos, e talvez haja algo de latente em cada um deles. Procuro-te na dignidade das vestimentas por demais solenes, e algo de inaudito pressinto. Procuro-te, ó canto de paz, nos passos dos fiéis, que pelo fato de te ouvirem ou não, ainda assim pasmos permanecem. Procuro-te no sorriso singelo de cada rosto que por um momento não se consome em dúvidas. Procuro-te nunca em vão no silêncio pressuroso de quem ora a procura de acalanto.

É bem verdade que te procuro onde não para menos tudo de sacra luz se forja em vitrais. Onde não para menos de pele em pele se faz bênção. Procuro-te em Jesus Cristo que no alto de sua cruz compreende e perdoa todo o destino dos homens. Procuro-te na atmosfera de piedade que se apodera de qualquer elemento feito de pedra, feito de anjos em forma de luz, feito de regras onde tudo primam pelo amor. Bem sei que teu canto penetra na alma de todo aquele que por aqui caminha. Pois por mais que por ventura não haja canto, há canto. Por mais que não haja um sinal premente, de algum modo se faz presente. Uma vez que o teu canto é voz subterrânea no coração do homem, além de ser mais além que se faz alegria na Terra. Por teu canto choro um choro digno, e na alma tudo se acalma de quietude e verdade. Por teu canto ainda não ouvido descubro com fé o princípio de haver Mundo. Que assim seja. A tal ponto que por certo reine a bem-aventurança neste imenso lugar de aflições que é o planeta.

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