quinta-feira, 29 de julho de 2010

Às margens inebriantes do sonho

Em todo lugar bonito que vou ou em todo lugar que há uma obra de arte que me cative, o nó da existência afrouxa-se, nem que seja por alguns minutos, com o fim de readquirir forças para mais uma batalha. Com efeito, é o que ocorre quando vejo um trabalho como o de Renata Cruz, pois abrir uma de suas páginas é como receber o primeiro raio da manhã; ainda que, de leve, imerso entre as penumbras da noite. Nesse mundo de mistério, nesse mundo onde tudo ondula, encontramos, aqui e ali, uma parcela humana, um olhar que cintila e que, de fato, é nossa razão de viver. Não é para menos que Octavio Paz tenha dito, certa vez, que a poesia é o espelho através do qual nos vemos, ou seja, aquela ardorosa possibilidade de sonhar.
E, então, como ficar impassível diante do sonho? Como não ficar embevecido com o lirismo que cada uma das palavras de Renata, possui? Entre a penumbra plena de volteios e a luz delicada de uma janela, tudo é possível, tudo é um porto aprazível onde meus olhos descansam... Portanto, esqueça qualquer angústia terrena e vá direto a esta fonte borbulhante que nunca se extingue. Vire uma página como se fosse o limite sempre transitório entre o mar e a praia, ali onde as espumas acalmam a alma. A recompensa, decerto, não será palpável de maneira vil, mas sim através da vitalidade sedutora da obra de arte, da riqueza espiritual que nem o tempo e nem o mau humor podem apagar... Não dá para ver seus trabalhos sem entusiasmo...

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