O livro de Silvia Maria é um ardoroso desejo de intimidade entre quem não teme uma viagem de dentro e para dentro e quem trabalha consciente (como ela) de sua própria condição. Seu trabalho, logo de início, chama a atenção por seu material felpudo, em sua parte externa; pois, pelo fato de ser delicado para os dedos, não é de qualquer maneira que o abrimos. Temos, com ele, o mesmo cuidado com que se abre um frasco de perfume, assim como o mesmo anseio que temos por abrir uma janela, enquanto já sentimos o calor de fora...
Assim, aquele que jamais teve a oportunidade de deter os olhos num diário, agora terá sua chance. Não como algo proibido e sim como uma liberdade compartilhada; Silvia faz um diário sem datas, sem chaves, sem imagens que não tenham a possibilidade de diálogo. Duas perguntas que não se calam: Por que, tantas vezes, vemos formas esféricas? Que mundo misterioso é este que leva consigo? Há uma frase de Nietzsche que diz que é preciso o caos dentro da alma para que haja o nascimento de uma estrela; realmente não sei... Basta, porém, ver um pouco tais imagens para ser instigado por sua arte; e não é menos intenso aquele testemunho que cada frase sua nos dá.
Sem dúvida, é através da força como estes elementos interagem que vamos reconhecer em sua vida, a nossa; pois a verdade do mundo pode estar encerrada num objeto simples como este que aqui tocamos... Sem nunca haver a pretensão de ser mais, ou melhor, do que os outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário