sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Uma carta com carinho



Jana, minha Linda, meu amor,

nada mais daquela conversa

que tivemos vou analisar,

pois, como a ternura e respeito

que um tem pelo outro,

será sempre mútua,

embora, por uma série de questões,

tenham ocorrido nervos exaltados,

mais uma vez sinto profundamente

que em nosso namoro predominou 

uma dignidade rara.

Um querer e amor muito especiais,

cativantes por toda a vida.

E então quero me deter na despedida,

numa hora escura, sem estrelas, nem luar a vista,

uma noite fria, decerto um abraço meio desajeitado,

um olhar de um para outro, num lusco-fusco,

sem nenhuma luz de sol, e ainda um incerto instante em que

não pude sentir bem o perfume de seus lábios,

assim como ao mesmo tempo talvez

eu tenha ouvido o latido da Neguinha, bem de longe,

entre a hoje não tão forte algazarra dos cães,

e ali entre eu e você alguns beijos meio deslocados,

e por certo um tanto perdidos, na medida em que

mal toquei de fato em teus cabelos,

num pele a pele que teve, sim, que teve,

que bem sei que de algum modo teve,

além do momento de ver você no portão,

tudo de um modo tão absurdo para mim,

e claro para ti também,

talvez pelo fato de que, por mais

que tenha sido uma despedida

que jamais imaginávamos,

assim, e de repente, assim, aconteceu.

Posso ao menos ter a humilde crença

de que na memória, nela, e sempre nela,

as coisas foram diferentes.

E tanto eu como você sabemos...

Beijos apaixonados,

de seu galeguinho.


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