Jana, minha Linda, meu amor,
nada mais daquela conversa
que tivemos vou analisar,
pois, como a ternura e respeito
que um tem pelo outro,
será sempre mútua,
embora, por uma série de questões,
tenham ocorrido nervos exaltados,
mais uma vez sinto profundamente
que em nosso namoro predominou
uma dignidade rara.
Um querer e amor muito especiais,
cativantes por toda a vida.
E então quero me deter na despedida,
numa hora escura, sem estrelas, nem
luar a vista,
uma noite fria, decerto um abraço meio
desajeitado,
um olhar de um para outro, num
lusco-fusco,
sem nenhuma luz de sol, e ainda um incerto instante em
que
não pude sentir bem o perfume de seus
lábios,
assim como ao mesmo tempo talvez
eu tenha ouvido o latido da Neguinha,
bem de longe,
entre a hoje não tão forte algazarra
dos cães,
e ali entre eu e você alguns beijos
meio deslocados,
e por certo um tanto perdidos, na
medida em que
mal toquei de fato em teus cabelos,
num pele a pele que teve, sim, que
teve,
que bem sei que de algum modo teve,
além do momento de ver você no portão,
tudo de um modo tão absurdo para mim,
e claro para ti também,
talvez pelo fato de que, por mais
que tenha sido uma despedida
que jamais imaginávamos,
assim, e de repente, assim, aconteceu.
Posso ao menos ter a humilde crença
de que na memória, nela, e sempre nela,
as coisas foram diferentes.
E tanto eu como você sabemos...
Beijos apaixonados,
de seu galeguinho.