quarta-feira, 10 de julho de 2013

Aquele bem que a amizade faz




A amizade não importa quanto tempo tenha se plasma na alma de imediato. E quando surge jamais deixa de ter verdadeiro apelo. Hoje, nesta manhã de sol, pude conhecer Gislaine e Walquíria, ambas plenas de um amor amigo, pois como bem dizem não amam este ou aquele, amam, sobretudo, o ser humano. Amam de fato a amizade. Walquíria com seus sessenta e sete anos falou tudo: "Pensam que só cabe a palavra amor quando se refere a cama. Pelo contrário, pois há no amor pelo amigo profundo amor". Gislaine com muita compaixão pelo ser humano diz que a gratidão e compreensão são elos fundamentais com a vida. E percebo a todo o momento nas duas um sentimento maravilhoso de mundo, uma vez que refletem sobre a vida com tal vigor que nada há de me fazer esquecê-las. Claro que a amizade demanda solicitude, e se faz com o tempo. Porém me basta uma hora de sincera conversa para que este tempo condense o universo.


E ver que os olhos de um amigo, seja masculino, seja feminino, adentram em meu coração é, com efeito, ser cândida gratidão. Já que um olhar amigo carrega tempo incomensurável. Um olhar amigo é a minha eternidade. Um olhar amigo é a minha catedral. Um amor de outra tessitura, tão espírito se torna, assim como se faz plenamente palpável. Um amor amigo que vai fundo, tamanha é a inteireza de caráter ali presente. Quem pensa que é necessário anos para se ter um amigo, acredito que de algum modo se engana. Para quem possui o dom da amizade ela nasce a cada genuíno instante. Brota qual nascente de rio que se alonga por vasto território. É talvez mais uma certidão de batismo. É talvez o único testamento que não se registra em cartório.  E aplaca cada ferida. Fechar-me à amizade é me fechar ao mundo. Não devo e não posso. Meus olhos são frescor ante a presença de um amigo. Meus olhos emanam o que sou - enlevo fraterno. Sou mais uno de tudo assim com toda a alma e coração. Não é deslumbramento. É discernimento a quem devo amar também incondicionalmente. Não significa amor carnal, no entanto, toca a pele da alma. Não significa desejo, no entanto, é sempre ensejo de vitalidade. Não significa posse, no entanto, considero quiça um norte. Não significa disputa de quem tem razão, no entanto, duradoura compreensão. Não significa uma fome de certezas, no entanto, é um chamado para ser coração. Não significa querer a todo momento uma garantia de amor, pois é amor por ser amor decantado. E decerto tão encantado quanto o amor por sua namorada e esposa. A distinção é a de que o olhar para o amigo é de um brilho prateado, e para o seu amor é de um fulgor dourado. Distinção sutil. Contudo, cada qual à sua maneira pungente. Ambos os brilhos para o qual sou eleito. Por toda a vida eleito. E de igual maneira me dedico a ambos. De corpo inteiro. De alma inteira. Eis a minha sina derradeira.

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