Velocidade nas nossas vidas é muito comum.
Mas não comunga comigo. Bem que eu poderia ser capaz de ligar o pisca alerta
ante o pôr-do-sol...
Como a arte se pôs ante a modernidade?
Como forjou ser voz que na tela se plasma? Embora haja, na vertigem, asma, a
arte combate fantasmas.
Há manhã lá fora. Ninguém pode me negá-la.
Entra por debaixo da porta. Pelas frestas da janela. De tal modo que só
sobraste o olor da vela.
Hei de ser por quanto tempo mundo?
Perguntar é um absurdo? Que eu ao menos seja mundo desde que haja em mim por
toda a vida o fundo de tudo.
Não sei ser de outro modo. Procuro ser
sempre com nenhum denodo. Prudência é o meu método. Nem sei o que é ser
réprobo. Lego probabilidades.
Ninguém é melhor do que ninguém. Toda vez
que acredito ser melhor que alguém envelheço. A fonte da juventude é a
humildade. E nada a mais...
Escrevo a procura de mim ou a procura do
outro? Um tanto lúcido e louco ambos procuro. Saio sempre no escuro, e de
soslaio algo encontro.
Paciência não é somente permanecer ausente e presente num dado
lugar. É por vezes despermanecer do que já se é - para ser com e por outro...
Com amor, vero amor, me doo. Na alegria ou
na dor, me doo. Quero ser para a ferida asa ninho - depois ou não do pouso. Pausa
sim para a asa.
Por toda a vida o meu pensamento é
companhia. Nem sempre boa companhia. Ainda assim minha. Ainda assim não
definha. Quando quiça cristalina.
Presente. Minha aurora e meu pôr-do-sol.
Depois disto, posso até ser noturno estelar, posso até ser luar. Porém,
presente do presente serei.
Medo, não. Nem desconfiança. Apenas senso
de observação. E em alguns momentos clarividência. Eis o que sou: modo de ser
com o olhar frescor.
Descubro na experiência de ser eu um jogo
de espelhos com o outro, que se embaça e desembaça de acordo com os acasos e
desacasos do destino.
Poesia é jamais agreste. Acho assim em meu norte, sul, leste,
oeste, frescor de açude. E amiúde me mostra na finitude o que há de infinitude.
Poesia alarga a alma. Paga o que devo com
ternura. Propaga olor e ventura. Solapa a desventura. E encaçapa com
determinação um pensamento...
Palavra, uma virtude embora tudo seja
finitude. Algo que me consome: mal sei de meu nome. E quiça me atiça, como no
mar, o apelo da brisa...
O que é o poema? Nele se diz coisas
amenas? Ou vai no x de um problema? O que é o poema? Simples soma de fonemas?
Ou algum jamais anátema?
No próximo passo, serei eu. Enquanto neste
atual passo, sou o outro. No próximo passo serei o outro. Enquanto neste atual
passo, sou eu.
Futuro, palavra que se alonga. Alguém pega
no escuro a sua onda? Prefiro o presente. Quando na aurora do dia chega a ser
onda que me sonda.
Escrevo, pois bem, escrevo. Ser a escrita
sem sê-la não poderia. A minha alegria é esculpir o gelo. A minha alegria é
desenroscar o novelo.
Escrevo com um intuito: ser desprovido de
curto-circuito. Que por vezes me furta muito. Sem duro surto, pois cuido de ser
forte ante a sina.
Sorvo o porvir: porto que gosta de ser
onda. Sorvo o porvir: atento ou absorto qual sonda. Sorvo o porvir: no relento,
no sol, de monta.
Será que posso ser poeta pela metade? Uma
vez que sempre estou entre a memória e a saudade? Acaso sou capaz de ser frio
no ardor desta arte?
Que sei eu de mim? Jasmim se faz jasmim
sem mim? Jasmim jamais deixa de ser jasmim por mim? Jasmim num zás traz nas
narinas jasmim? Jasmim.
Liberdade é música. Hei de procurar a
justa afinação. A pungente cadência. A inevitável melodia. Para que cada nota
faça sentido no destino.
Liberdade é descoberta. Não se faz de
imediato: e sim no modo de se dar o laço. Liberdade nem sempre acerta: é
necessário alma em cada ato.
Que conselho devo à mim mesmo? Ser livre,
mas não sempre pleno? Ser livre, embora de algum modo ao destino preso? Ser
livre, sem muito peso?
A vida, tão-somente a vida, sempre como
quis - de algum modo inaudita e feliz. Que a liberdade jamais esteja por um
triz. Por ser liberdade.
Sono é um mapa que se solapa de acordo com
o sono. E que dele sobra apenas sobras que mal dão uma obra. Prefiro então a
imperfeita realidade.
Para quem não conhece o contexto jamais
percebe o quão complexo é tudo. E assim tira de um esquivo trecho uma má
interpretação e desfecho...
Solicitude é, na humana finitude, alguma infinitude. De onde emana
uma alma irmanada a outra alma. Que não se fana em ser alma noutra alma.
Paz. Capaz de tudo. Pelo fato de ser paz.
Um mundo inteiro ao seu favor. Um mundo pleno de olor. Paz: mínima palavra. Eis
uma grata estrada.
Paz é um anseio válido. Mesmo pálido é
válido. E há de ser em algum momento cálido. Basta ter calma. Pois a alma é
alma nas palmas da calma.
Solicitude parte da pessoa, do que ressoa
nesta mesma pessoa, do que se afeiçoa com determinado fato, pois solicitude é
em cada ato um laço.
O que é a vida? Pergunta desprovida de
fundo. De fundo palpável, eu diria. De fundo com bases sólidas, eu diria. E
bem, bem, bem, insólitas.
Resta na vida um vir a ser entre mim e ti.
Que jamais mitiga o que há de amiga vida com outra vida. A vida que sou na vida
densa que tu és.
Absorto, por um momento, e assim encontro
um porto. Um porto ao qual sempre me reporto. Um porto para onde por toda a
vida me transporto.
Porto é porta sempre aberta. Ao menos esta
da mente é sim, pois nela há toda a descoberta. Que o coração expande ou aperta
- jamais com fim.
Navego desprovido de ego. Apenas navego.
Ergo os olhos ante o mar - e navego. De algum modo pleno. Sim, navego. A
despeito dos olhos vesgos.
Para ser feliz algo da memória não deve estar por um triz. Deve
ainda dela sair faísca. Que nada possui de arisca. Faísca que fisga. E dura.
Ser ao longo do sol já é uma maneira de
ser, ante o dia, duradoura melodia. Que doura a pele de ternura. Que mesmo
louca, já não mais pouca.
Atento. Pois o vento não é rápido nem
lento. Já que na pele vem sob medida de meu contentamento. E mesmo no inverno,
nada é muito incerto...
Que faço senão ser palavra? De amor,
justamente, de amor. Que mais poderia ser senão palavra de amor? Mesmo na dor,
com ânsia de amor. Amor.
Vago no plano do impalpável. Vago. Não sou
nenhum mago. Apenas humano. E por isso vago. E, no que vago, divago. É o que
posso fazer de fato.
Num minuto se faz e desfaz o mundo. Num
simples minuto. Tal é a possibilidade de curto-circuito. Num fatídico minuto.
Quer se queira ou não.
Música. Pois é: não só música. Mais que isto é um dom: que faz do
ser um invisível sorriso. E mais: faz de cada som uma sombra de arvoredo.
Silêncio é silêncio, tanto para o mal
quanto para o bem. Para aquele que bem o percebe, de tudo vai além. No caso
contrário, tudo fica aquém.
Assim como há tons de voz, também há tons
de silêncio. E cada tom e subtom de silêncio pode ser de bom tom ou não. E para
um ou outro tende?
Dura é a vida. Mesmo assim, para o bem ou
para o mal em mim perdura. Quem a depura senão o destino? Que em meu desatino
tem chance de cura?
Fotografia outorga à vida um fascínio que
a tira de qualquer monotonia. Tudo o que há de duradouro cabe na pausa de sua
arte. Para sempre...
Atento. Bem atento. Pois no mundo o que há
de denso de algum modo para o meu bem aproveito. Tudo o que vai ao redor está
dentro. Bem atento.
Melhor estar atento. No sol ou no relento.
Assim me reinvento. Por maior que seja o perigo, espero ao menos manter sob
controle o vero medo.
É verdade. Que sei eu de mim? Sei apenas
de mim que o luar raia, e que as narinas querem jasmim. Sei só que o meu
coração é assim: carmim...
Quisera eu ser música. Eu que só sei ser palavra. Pois estrada sei
ser, mas onde nela e na alma a túnica? E assim jamais de puída cor prata?
Errante ou torto, procuro um porto. Nem
sei se ao certo há conforto. De qualquer modo, qual louco, me comporto. Do mar
a tempestade suporto.
Conto com o pontos que recebi ao longo da
pele. Sem eles, o que saberia da vida? Que para ser pele há o desfecho da
ferida? Isto é, cicatriz.
Entre o silêncio e a música, não dá para
escolher uma única. Há horas em que só uma delas algo suscita. Outras em que só
uma ou outra é sina.
Prezo pelo bonito gesto. Certo de que sem
tal manifestação jamais haverá festa aos sentidos. Pois só o que me resta é ser
duradouro destino.
Música: repentina, muito mais música.
Música: aguardada, também sem dúvida música. Silêncio, por ser silêncio, nem um
nem outro, e sim ambos.
Brisa, para todo o sempre brisa. Na pele e
nas pálpebras - brisa. Molde para as ondas, brisa. E onde mais houver alegria,
brisa. Sim. Brisa.
Somente com o céu me refaço. Através de
estreito laço. No mínimo das coisas, o máximo - sem estardalhaço. Sou meio
triste e meio palhaço.
Não o vejo. E aqui, está. Pelas frestas, está.
Pelo incorrigível ardor, está. Para ser para além do vidro, será. O que me
resta é a sua luz.
Elejo um dia. Elejo uma hora. E do dia e
da hora só lembro da melodia de outrora. Enquanto posso ser no tempo profundo
tempo. Duradouramente.
Na vida há algo de remoto. Cujo sentido é
ser para a memória porto. E que de algum modo seja motor para o corpo. No que
topo me transporto.
Lágrima, pois a ternura é grande. A cada
doce ou amargo instante. Nem sei mais de meus mirantes. Bem como antes. Tão de
mim estou distante.
Concentração pode ser côncava ou convexa,
pode ser simples ou complexa, pode ser parcial ou plena, pode ser lua nova ou
cheia, mas que seja.
Concentração é tração nas quatro rodas para suportar a rota, o
barranco, o solavanco, o leve ou brusco tranco, na nunca pretensa tensa hora.
Mar. Meu mar. Atlântico, pacífico ou
ártico. Jamais extático. E sempre à procura de um pórtico. Nem sempre quanto às
correntezas bem lógico.
Hora de ser agora. Bem sei de outrora. Mas
me basta o agora. Bem sei o quanto o futuro limita as horas. Saiba eu das horas
só o serem horas.
Caos vem sem pausa, e mesmo que eu tente
um basta na desordem, a alma jamais possui calma, nem sei quantas laudas
existem dos meus pecados.
Lento. Bem lento. No ato de ser
pensamento. Lento, mas não ao relento. Com os olhos jamais remelentos. Apenas
lento. E com algum intento.
Sou vento. Para qual momento? Não sei. Um
tanto sim de brisa, um tanto gélido. Nunca sei bem qual. Deverás vento, que
venta, enquanto pensa.
Sou todos os elementos da vida, com alguma
pausa, com algum movimento, enquanto o vento, ora frio, ora frescor de brisa,
vem e me desalucina.
Ante a alegria, meu eu é brisa. Ante a
tristeza, meu eu procura alguma beleza. Ante o destino, meu eu possui algo de
súbito. Ante é mirante.
Escrevo não sei o porquê nem até quando,
para o acalanto ou não, que ocorre a todo o momento sem senão, caso contrário o
que seria de mim?
Na vida, vou ao encontro da vida, por mais
que nem sempre seja lúdica, ainda assim vida, que me possibilita um retorno à
alegria na surdina.
Ter um foco, apesar do louco mundo. Ter um
foco, a despeito do pouco fundo de tudo. Ter um foco, embora por vezes haja um
oco quiça rotundo.
Reconheço sim quando o sorriso é sorriso,
ou mera capa que algo esconde. Onde mais senão no sorriso para encontrar ou não
o paraíso perdido?
Seja quem for que esteja debaixo de seu
guarda-chuva não está livre dos acasos ao longo da rua. Portões, arbustos e
chão úmido, tudo avulta.
Compor com o porto um cenário para o
pôr-do-sol. Nuance a nuance de cor, não num mero relance, mas pleno do
esplendor de um duradouro olhar.
Eis-me pronto para compor, com todo o ardor, pois nos tombos que o
passo traz, sei o quanto sou capaz de um combo, de um assomo de memórias.
Componho em sonho, justamente quando lúcido sonho. Proponho assim a
mim mesmo um passo já não mais a esmo, pois me esmero em ser palavra.
Em toda a vida, hora a hora, dia a dia,
descubro alguma melodia no ato de existir, grato que sou em haver para cada dia
e cada hora aurora.
O que preciso, a meu ver, é não me ater
muito ao ciso que nasce na boca da alma, pois de calma em calma estou sempre a
ponto de ser sorriso.
Na vida, sim, nesta vida, nesta longa ou
curta vida, nesta densa vida (a despeito do tédio), nesta vida adentro que em
pensamento se forja.
Quem antes pondera sobre tudo o que faz
não está livre do dilema entre a guerra e a paz que lhe povoa a alma, cujo
estorvo é de fato comum.
O poeta, sempre alerta, sempre atrás de
nova descoberta, e sempre pleno do amor que tanto flerta, sabe o quanto de
verdade há nas palavras.
Leitura necessita de lisuras, uma vez que
ao longo de tal ato é possível extirpar as fissuras da alma com todo o tato e
sabedoria de médico.
Na verdade qualquer coisa que lhe deixa
cabreiro surge por não entender por inteiro que a vida é mais nas entrelinhas
do que no letreiro.
Um mero detalhe pode a vir a ser o caos
quando no veio do mármore, num simples entalhe, tudo quebra. E olha que eu sei
quando regra é regra.
Nenhum caos, nem mesmo aquele que se
conjuga o fora e o dentro, permanece por muito tempo no centro de tudo. Há
muitos mundos em meu mundo.
Por mais que se escreva com todo o
cuidado, para quem lê pode haver um curto-circuito, uma vez que se enxerga
apenas a parte pelo todo.
Futuro é a alegria que se faz imagem.
Passado é o presente que se faz memória. Presente é, entre o futuro e o
passado, a fé de ser presente.
Melhor ainda do que a vida é justamente
aquela vida que jamais se priva de sonhar, mesmo quando tudo no mundo vai na
contramão deste fato...
Detenho na memória o desenho de meu amor.
Feito, com ardor, pelo sabor das horas, cujo efeito em meu ser é que seja de
algum modo perfeito.
Refaço meu passo, agora e sempre, mas nem sempre no mesmo compasso. Sei
o quanto enlaço em meu passo apenas no fato de ser por bem passo.
Nos perigos do mundo intrigo-me sim em
qual a melhor maneira de ser eu, feito abismo à beira de si próprio que,
enquanto cai pedras, medita.
Mais um dia infunde melodia ao dia. Mais
um dia assume na surdina alegria ao dia. Mais um dia alumia de verdade a
verdade de meu terno dia.
Amor é tortura sem sequer um momento de teu
amor, pois o nosso mútuo amor requer a fortuna de ser amor a cada instante, a
toda a eleita hora.
A voz de meu amor jamais me deixa a sós.
Há nela uma porção de sóis, e uma larga foz, cuja alegria das águas em tudo me
possibilita de paz.
Liberdade ilimitada não há. Mas para todo aquele que é mar,
prevalece, mesmo na encosta, o rugido da onda cujo sentido ninguém contra
possa.
Presto atenção a tudo, pois meu mundo,
pleno de desafios e percalços, rende ao mesmo tempo laço com as coisas, numa
alegria que não desfaço.
Discernimento não é apenas um estado de
espírito. É comunhão de estados de espírito que, à medida que surgem, revelam a
alma como um todo...
Reina na alma a paz que se basta por ser
em tudo capaz de pôr calma, ao menos de dentro para fora, embora haja um ao
redor não tão ao redor.
Coragem pede palavra, pede vírgula, pede
não ter gula por ponto, pede em suma ponderação quando se usa adjetivo, pede
que se seja humano.
Quando não se acha o que tanto se procura,
qualquer duração se assemelha a não mera eternidade, qualquer alvura da
consciência se mancha.
Louco de ternura, e pronto para rasgar a
camisa de força com as unhas plenas de jasmim, volto a ser por mim o que por
mim volto a ser em mim.
Luz, sim, ao longo da melodia cada vez
mais luz, que dura em meu mundo com ardorosa ternura, a tal ponto que na pele
me alegra de verdade...
Música, não aqui aonde tenho ouvidos, mas
em toda parte onde teus passos são a arte do infinito, ao qual presumo um rumo
que venha comigo...
Sonho, e de sonhar sonho quando nem dou por isso. Quem me revela
tal fato é meu sorriso, sempre a receber vento de algum singelo paraíso.
Sonho, e com ele meu próprio porto
encontro. Não sem olhar para o entorno, mar cujas ondas hão de mostrar de onde
surge o oportuno vento.
Amizade é um bem que vai para além do bem,
pois sabe o quanto a vida fica sempre aquém, o que demanda no convívio afável
um comungante amém.
Palavra: de acordo com o seu acorde, pode
pôr cor em meu norte, de acordo com a possibilidade de porto, comporta todo um
mundo de verdades.
Amizade é bondade, longa e ondante,
sondagem de corrente tropical, vontade de cardumes ao longo do mar - sem nenhum
verdadeiro azedume.
Fui eleito para os beijos de meu amor,
como se cada ensejo para tanto fosse verdadeiro acalanto para os lábios, tal
qual comungante lírio...
Beijo é um feito que nenhum céu estrelado
conhece direito, a não ser que tenha se esquecido o quão para tal ocorrência há
novo brilho eleito.
Amar é no mar a norma atlântica de amar,
sem nenhum alarmante momento que não se resolva em amor, enquanto no panorama
mais uma vez se ama.
Meus dedos das mãos permanecem miúdos ante
as teclas do computador, enquanto me faço mais uma vez mundo que nunca se
computa de tanto ardor.
A vida, sim, a vida, que a linguagem do
amor dita para que por bem haja amém, aqui e ali, jamais aquém do mundo que há
para além sim de mim.
A vida, tão-somente a vida, para que haja
dádiva bem-vinda em toda a parte, com alegria de brisa que se realiza com toda
a arte na doce pele.
A vida é possibilidade, para além de
qualquer bílis, uma vez que lirismo só se faz por meio de um verdadeiro embate
no mundo feito com arte.
Saudade salda-me com o mundo: enquanto
gira, deliro seu nome, enquanto gira, quero sempre o seu norte, enquanto gira,
contigo me faço nobre.
Saudade apalpa o coração de secreto
decreto: ser na solidão ternura sem nenhuma colisão com o silêncio, pois tudo
por ventura se faz memória.
Na espera deve haver pura entrega senão
não é espera, senão nada é senão véspera que não soube ser memória, nem mesmo
glória dos sentidos...
Com a tua boca já não faço oca a minha
vida, com a tua pele algo sempre me compele ao deleite, com teus olhos jamais
serei um mero fóssil...
Cole Porter porta no fraque uma flor, que,
se fenece, fenece com arte, a ponto de deixar no ar, na pele, um certo perfume
por demais perene.
Paciência vem do tempo, vem enquanto
tempo, vem a despeito do tempo, vem ao longo do tempo, vem para ser tempo de
maior amor ao suave tempo.
Que haja no dia que se põe poema... Que haja na noite que se firma
doce firmamento... Que haja na amizade que aqui fica alegria bem-vinda...
Escrever não me livra da responsabilidade
de ser eu. No entanto mostra dentro da responsabilidade o que ainda possuo de
inequívoca liberdade.
Paciência é uma virtude, cuja finitude
jamais deve ocorrer, em cada sorte com renovado norte, que me faz bem mais
forte e muito mais lúdico.
No amor sou benção, antes ou depois da
arrebentação, seu mar é meu, assim como velejo em comunhão com Deus, na virtude
de hoje e de antanho.
Amor, eis que se faz em mirante, adiante
dele o mar, cuja brisa é o melhor dos meliantes, pois rouba meu rosto, enquanto
me deixa a memória.
Pensamento se forja no vento, enquanto
momento perdura, na ternura de cada elemento do coração e da alma, ao longo de
uma pungente mistura.
Respeito quem quer ver do outro sempre um
espelho de si próprio. Mas será que o espelho de si mesmo reflete sempre e
sempre a si mesmo?
Quem vê de fora não vê o que vai dentro
embora já tenha vivido dentro. Quem vê de dentro não vê o que vai fora embora
já o tenha vivido sim.
No amor, há muito a ser dito, pois há
muito de inaudito ainda por se dizer, uma vez que no dito há tanto destino que
ao longo da vida atino.
Obs: Retweets e frases como favorito que amigos fizeram de meus tweets.