sábado, 8 de setembro de 2012

Todos os caminhos levam a Fellini




Ah! Fellini... Quanto de ti vai ao longo de minha memória? Sei ao menos como discernir o que é sonho e o que é realidade? Será que sei de algum modo quanto de teus personagens são de ti ou são de Roma? Sei deveras a que ponto eterniza alguns de teus filmes em preto e branco? Aprendi, bem sei, o que é deslumbramento contigo...  E até quando houver presente, haverá teus filmes. Do passado ou do futuro, nada quero apreender. Nasci com pálpebras para ser cada vez mais de ti. Pois longo é o teu adeus que jamais cessa – e pleno de ternura para com a singeleza humana. Cada vez que olha através da câmera é tal qual olhar pela fechadura da infância. Sem nenhum risco de chave inoportuna que obstrua a tua infinda criatividade.

Como um bom aroma de chá, você vai além do corriqueiro, persuadi antes mesmo do primeiro gole, sem que se saiba bem ao certo o quanto acalenta de nossos cílios... Não cria musas, são as tuas musas que criam o mundo. E por mais que traduza em imagem tudo o que pulsa em tua alma, jamais impede que certa parcela de mistério esteja prestes a irromper da bruma de cada personagem. E faz do espectador alguém que peneira tal atmosfera de sonho. É preciso por certo uma vida toda de ti, Fellini, para que a vida seja mais da doçura de teu mundo. Sem a tua alegria, ainda haveria alegria? Sem a tua verdade, o que seria da verdade? Sei apenas que minha cabeça possui corpo e pernas por causa de teus filmes... Sei, sobretudo, que a morte um dia há de vir, mas ao menos um pouco de tinta fica para dizer que te vi e ouvi...

Obs: Foto de La dolce vita.

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