terça-feira, 3 de julho de 2012

O homem




O homem
Meio lobo
Meio Carneiro
De si mesmo,
Não sabe o que é recreio,
Nem sequer sabe o porquê veio,
Já que logo logo
Abocanha a presa um tanto cego.

Sai depois em fuga
Com sombras que são seu rebanho,
Sem lembrança de antanho,
Sem qualquer lugar
Para repouso.

Os olhos,
Entre o azul e o castanho,
Devastam a pedra das montanhas -
Sem manhãs, nem manhas.

Uiva
Até que os novelos de lã
Sejam, mais de ti, lívido limo.

Uiva para o nada.

Uiva porque a fome de nada
É tudo.


Obs: Obra de Francis Bacon.

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