terça-feira, 24 de julho de 2012

A Lua e o vigia




Dá uma verdadeira paz,
Plena de pungente mistério,
Escrever para ti
Nesta hora da noite.

Ouço,
Daqui de casa,
O vigia da rua
Com seu apito solitário
Em busca do enlevo da Lua.

Tal vigia sonhador sou eu.

Sem pressa em terminar o turno,
Sem rumo que não seja
Acompanhar o próximo fulgor.

Pretende com o boné
Peneirar as nuvens
Para apreender apenas
O sumo leitoso do luar.

Nem porventura a falta de fôlego
Impede-lhe de colher
O fruto mais distante do arvoredo.

Pois que idade tem
Este homem deslumbrado
Que sou eu
Diante de tamanha claridade?

Este homem que sou eu
Tem sempre aquela jovem idade
De descobrir teu rastro de luz pela cidade.


Obs: Obra de Marc Chagall.

Dedico à minha doce Jana.

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