Diante da alegria
De ter como convidado
Jesus,
Teria a possibilidade
De estender uma toalha
de mesa
De linho,
Com todo o carinho,
De modo a tirar com os
dedos
Qualquer desalinho de
sua superfície.
Não importa qual material
do prato,
Não importa qual tipo
de copo,
Deus, logo mais
presente,
Daria um belo
assentimento:
A ponto de rever, em
toda a sua pureza,
A luz do sol
Por entre a
translucidez do vidro,
Sem nenhuma ressalva
Quanto à modéstia dos
metais.
Repartiria o pão comigo
Com toda singeleza
natural,
Grato pelo ar de
respeito,
Pelo riso comedido,
Pelos ombros que se
esbarram
Docemente,
Pelo cheiro de hortelã
Em algum lugar
impreciso –
Ah, sim,
E também,
Sem dúvida,
Pela verdade do olhar
A dizer o porquê existe
Paz na Terra.
Depois que já não
estivesse
Cá em minha mesa,
Eu recolheria os
farelos
De teu pedaço de pão,
Beberia o que restasse
de teu copo,
E jamais colocaria do
avesso a toalha de mesa
Por onde tive tuas
mãos,
Nem saberia ao certo
com que fim
Tirar aquela mancha
humana de vinho,
Muito menos haveria
sentido em mudar
Algum dia tua cadeira
de lugar.
Obs: Obra de Rembrandt.
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