terça-feira, 19 de junho de 2012

Sem erro,




Sem erro,
O que seria
Da flor que tanto cerro
Entre os dedos?

Haveria lugar
Altaneiro
Para o meu canto
De desterro?

Ou algum
Ensejo
Que viesse
Em bons termos?

Sem erro,
Como ter nos olhos
Aquele traço
Desprovido de desconcerto?

Mesmo
O que há de duradouro
Na vida,
Seria do enlevo afeito?

Se houvesse,
Ao menos,
Verdadeira alegria,
Haveria despida de erro?

Quanto de mim
Ainda perduraria
Entre as vicissitudes
Das causas e efeitos?

Deixando-me ou não o destino com meu erro:

Qual onda,
Buscante de mar,
Jamais abdicaria
De seu líquido terreno?

Qual luz
Chegaria plena
A ponto de tudo
Ser, na imperfeição, perfeito?

Qual vento,
Apesar do frio do outono,
Deixaria de ter
Folhas secas de seu leito?

Sem erro,
Teria talvez algum acerto.
Algo de mim,
Estaria realmente por perto?


Obs: Obra de Sergio Larrain. 

2 comentários:

  1. O erro é rico!
    Saem deles os acertos
    Parabéns terno amigo.O blog está lindo.

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  2. Querido amigo Sidney, mais uma vez, fico muito feliz com tuas sábias palavras, com teu jeito sempre afável de receber meus e-mails! Grande abraço, Fábio.

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