O medo,
Na verdade,
É um arremedo
Do nada.
Quanto maior
O seu alcance,
Maior o terror à
estrada.
Sem que nela avance
Sequer um visível amigo
Para assim dizer que
Cá a paz está comigo.
Uma vez que em tudo
O que cada olho vê,
Jamais faz do lindo
cosmos
Senão um reincidente
chiado de TV.
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Medo
É ser daltônico
Do olfato
Quando
A vida exige de nós
Um reconhecimento
Das cores,
Um discernimento
Da variedade
Assombrosa
Ou não
De suas peculiaridades.
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Cedo ou tarde,
Surge o medo:
Não sem alarde,
Não sem seu avesso.
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Vento
Ao longo da alma
Que sempre encontra
Reentrâncias
Por onde penetrar –
Eis o medo.
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Quem possui medo
Sempre se impressiona
Com qualquer barulho
Que venha pleno
De silêncio.
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Medo é um trejeito
Da alma
Para o qual
Sempre se dá um jeito.
Obs: Obra de Munch.
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