segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Através do fio do tempo



Tudo o que compreende a existência está fadada a um fim e por mais que sejamos jovens ou não, não sabemos quando virá ao nosso encontro. Não falo nenhuma novidade e nem é novo o fato de que a dor da perda está presente na vida de todos. E quando não é a morte, pode ser o fim de um sentimento ou, às vezes, o começo do esquecimento. Sendo assim a vida, não podemos deixar de notar a maneira como objetos que já tiveram algum valor se tornam sem serventia. E em outro extremo, vemos pessoas que guardam coisas sem nenhum valor material, mas de grande valor emocional. Decerto, Adriana, através de um gesto de carinho e zelo reúne elementos esparsos da vida de outras pessoas e também da sua, para evocar o passado em toda a sua marcante presença. As duas peças aqui presentes, pelo formato, parecem uma janela, mas que não deseja nos levar mais além, até onde a vista alcança e sim mostrar como cada objeto que há nela, cada fina trama de tecido, cada relógio antigo possui um valor afetivo que foi feito para permanecer entre nós, pois a memória contida nas coisas dura enquanto houver nas pessoas uma sensibilidade para afirmar a vida em toda a sua magnitude. Que haja sempre trabalhos que tenham esse poder de plasmar a vida de maneira tão pungente, capaz como é de construir de forma tão delicada uma obra que, às vezes, por indolência deixamos de construir na nossa alma...

Obs:Fotos de Marcia Gadioli

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