Sempre quando encontro um estrangeiro, no museu, em que trabalho, peço para ver suas fotos, uma vez que gosto de olhar o que, talvez, já vi, através de outro olhar, como se ele me mostrasse um novo caminho para se chegar ao mesmo lugar. Fico, também, ainda mais curioso quando algum estrangeiro decide morar longe de sua terra natal, tal a paixão e identidade que cria com o país que conheceu, e é isso o que acontece com Jamie Stewart-Granger, e o que pode ser chamada de sua Bahia (numa exposição curta que ocorre no MuBE).
De todos os lugares que podia retratar, quis o mais simples. De todas as praias que fotografou, parece ter a intenção de fugir da badalação. Seu foco – e que destreza no enfoque! – são as pessoas que vivem a beira-mar, onde o tempo é medido e desmedido pela arrebentação das ondas, onde o sorriso das crianças brota natural e faceiro; e o mar extenso como só ele pode ser, este que jamais secará e cujo sal por muito tempo ainda vai apurar nossas peles, uma vez que sempre nos fascina por seu eterno marulhar.
Decerto, Jamie não apenas transmite a alegria dessa região, como também o que há de dramático nessas vidas, de um modo tão intenso, que mal podemos conter a emoção que o olhar dos idosos, de um para outro, nos desperta, pois a vida inteira dos dois parece passar por aquele olhar. Quanto ao poder plástico, ele vem sempre bem equilibrado na disposição espacial, na intensidade da luz, até porque Jamie demonstra ter larga experiência com fotos em preto e branco, pois, com efeito, procura aproveitar todas as nuances, entre aquela gama de cores, necessárias para suscitar a exuberância da região. Por fim, desconfio seriamente que se Dorival Caymmi pudesse ver estas fotos, ficaria com uma vontade irrefreável de cantar...
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