Teu nome, Guernica,
Apenas teu nome,
E, por trás dele, o
grande homem
Para enfatizar o drama
da vida.
Somente, Picasso, numa
densa investida,
Forjou uma imagem
poderosa que jamais se finda.
Decerto já não há mais
as explosões antevistas,
Já não há mais o choro
da mãe e a impassibilidade taurina,
Já não há mais a imagem
desolada de um homem em má sina,
Com as linhas da mão
desprovidas de cartomante que lhe desse guarida.
Alguém, desacolá, cambaleia devido às bombas e, sem destino, desatina.
E até mesmo o garbo do
cavalo perde o rijo eixo e seu rinchado azucrina.
Mal sei também o que
dizer sobre aquela luz de vela que tanto me intriga:
Teria realmente algum
valor ante a desgraça ali sobrevinda?
Seria possível a
descoberta de alguma alegria que não desafina?
Qualquer que seja o
temperamento da ferida luz entrevista,
Jamais se permanece
diante de tal obra sem vívida impressão,
Pois, enquanto alternam
as temperaturas dos brancos e dos cinzas,
Apodera-se de nós o
quanto ainda falta para o mundo ser são.
Eis a razão ou desrazão
para que Picasso empunhasse nas mãos
Os pincéis que nada
curam, mas que de algum modo desalucinam.
Picasso traz sempre a verdade
sob estreito laço,
Em busca do peregrino mundo e seu descompasso...
Obs: Obra de Picasso.