quarta-feira, 4 de abril de 2012
Bravura de Manuel
A obra de Manuel Álvarez Bravo
Deslumbra-me
Sem que lhe conheça bem,
Sem que saiba tudo a seu respeito.
Tal o peito aberto
Com que se defronta com a vida.
Sem travas no olhar,
Sem medo da cruel amarra
Das circunstâncias.
Cada foto desponta
Com lúcido vigor.
Além de prolongar sempre
O que há de duradouro
No efêmero.
Para tão belo trabalho,
A vida não possui desterro.
Até mesmo,
O que se apresenta
Como “inanimado”
É, na verdade,
Pleno de vitalidade.
Sabe assim que o devaneio
Vem porque nada era capaz de impedi-lo.
Vem sim porque era extremamente necessário.
Assim como, qualquer acidente da existência
Não é mero acidente:
Há drama ali.
Há, ali, as tramas do destino.
Pois jamais lhe falta esmero no sutil flagra,
Nem tampouco lhe falta alegria no singelo lirismo.
Será que já vi alguma vez Sol que traga mais promessa
De inaudito?
Ou dito de outra forma:
Será possível distinguir na sua luz
O que é temporal ou atemporal?
Pois não posso me assombrar
Com seus clarões eternos sem as devidas sombras
Já não mais mutáveis...
O que, sem dúvida, me oxigena a alma,
O que, sem dúvida, me traz algo de paradoxal,
Como se cada foto fosse a descoberta
De meu destino –
Uma ponderação do imponderável.
Que apenas a pausa da alma,
Que apenas o fim temporário
Da vertigem
Consegue, com efeito,
Recuperar de doce enlevo,
Desde que haja
No mundo
O bravo mundo de Manuel,
Que sempre há, de algum modo, em todos nós...
Obs: Obras de Manuel Álvarez Bravo.
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Fábio,que texto terno de feliz em beleza e ´´recantamentos´´.Adorei!
ResponderExcluirFico muito feliz com tuas palavras, Sidney! Tu és sempre, para mim, uma grande presença jamais ausente. Grande abraço, Fábio.
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