segunda-feira, 14 de março de 2011

Íntimo tratado das cores




Nenhum batismo da cor

Surge sem um grande pintor

Modigliani transmuda o rosa e o branco

Em doce tessitura de amor e espanto

Vermeer descobre a magia do azul

Enquanto tudo é tranquilo e mútuo

Ticiano vê nos cachos dourados

A beleza de agora e outrora

O laço vermelho de Betsabá de Rembrandt

Torna ainda mais vívida a luz de seus traços

Velásquez forja o fulgor prata de uma armadura

Em meio à força e praticidade dos ferreiros

Guido Reni reconhece no verde suave do vestido

A volúpia de uma Deusa, que absorve meus ouvidos

O negro das garrafas de Chardin, dispostas no chão,

Recupera a simplicidade do mundo, em que nada é vão

O eterno cinza do Coliseu por Bernardo Bellotto

Deixa entrever o dia e o que resta de suas cinzas

E, claro, o amarelo de Van Gogh é a única cor

Que trata com mais zelo a minha dor


Fábio Padiha Neves





Obs: Arte de Modigliani, Reni e Bellotto, respectivamente.

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