quarta-feira, 23 de março de 2011

Entre o fel e o mel




O Inferno é o Paraíso sem a solidão. O Paraíso é o Inferno sem o preconceito.


O Inferno é o Paraíso sem janela. O Paraíso é o Inferno sem carvão.


O Inferno é o Paraíso sem o dom dos ouvidos. O Paraíso é o Inferno sem as artimanhas do olhar.


O Inferno é o Paraíso por uma só vez no Inferno. O Paraíso é o Inferno por uma só vez no Paraíso.


O Inferno é o Paraíso sem lábios. O Paraíso é o Inferno sem hálito.


O Inferno é o Paraíso sem acústica. O Paraíso é o Inferno sem paredes.


O Inferno é o Paraíso sem sorriso. O Paraíso é o Inferno sem sarcasmo.


O Inferno é o Paraíso sem memória. O Paraíso é o Inferno sem obsessão.


O Inferno é o Paraíso sem beijo. O Paraíso é o Inferno sem unhas.


O Inferno é o Paraíso sem uma descoberta. O Paraíso é o Inferno sem a pretensão.


O Inferno é o Paraíso sem ar. O Paraíso é o Inferno sem faísca.


O Inferno é o Paraíso sem rosto. O Paraíso é o Inferno sem esgar.


O Inferno é o Paraíso sem voz. O Paraíso é o Inferno sem soberba.


O Inferno é o Paraíso sem delicadeza. O Paraíso é o Inferno sem ardil.


O Inferno é o Paraíso sem sinal de Paraíso. O Paraíso é o Inferno sem sombra e chama de Inferno.


Fábio Padilha Neves


Obs: Arte de Turner.

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