domingo, 20 de março de 2011
O que os lábios ainda sussurram...
A luz é a carícia dos anjos.
A janela é um favo de Sol.
A voz do coral, na catedral, é de fato a essência de seu interior, quase a única capaz de preencher a sua imponência de sagrado.
As escadarias de uma igreja, em Minas, são a confiança da alma de comungar com as distâncias.
O rio é a memória das montanhas que revela o próprio segredo a cada nova cadência.
O lago é o único espelho onde a Lua se vê sem pressa...
O azul do céu é a matéria-prima dos azulejos.
A árvore é a poesia da semente.
O bosque é o terno berço das sombras.
A estrela é o diamante que se encontra no fluxo das águas noturnas do céu.
A flor é a única maneira que a Terra encontrou de ouvir a brisa.
A fruta é a densidade da noite por debaixo da casca.
A Primavera é a saudade do Paraíso.
A criança é o pólen abundante de Deus.
As folhas de outono são cartas de despedida, cujo destino é sempre o mesmo: o chão que já foi fértil...
O deserto é o luto das cores.
O abismo é o jejum do vazio.
O cavalo é o relâmpago do solo.
O mar é o universo palpável.
As rochas do mar são os soldados da eternidade.
A praia é o rímel dos olhos das águas do mar.
A ilha é a quantidade suficiente de terra para saber o que é o mar.
Fábio Padilha Neves
Obs: Arte de Van Gogh.
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