segunda-feira, 12 de março de 2012
O que meus olhos acalentam...
Sei tão pouco de mim,
Com tão pouca firmeza
Para tudo o que exige desenvoltura.
Sei que sou frágil
De um modo sereno e tímido.
Sei que o mundo
Não permite que eu veja
O fundo de tudo.
Sei que meu espelho
Reflete os olhos
Que nem sempre sabem bem
Como se olha.
Sei que meu espelho
Reflete os lábios
Que nem sempre sabem bem
Como reencontrar o próprio sorriso.
Sei que meu espelho
É impalpável,
Enquanto eu
Mais carne
E menos osso.
Sei que minha alegria
É sempre estar diante de
Uma obra de arte.
Sei que o teu silêncio
Me afaga,
Sei que a tua cor
Me torna humano,
Sei que a tua beleza
Me faz sorrir
Quando triste.
Sei também que
Não procuro nada
Na Pintura
Que não seja grata
Emoção,
Que não seja
Pureza dos olhos
Plenos de fé.
Sei também que
Não procuro nada
Que não seja
Duradoura confidência,
Sem sequer uma hesitação.
Procuro, sim, que minhas
Palavras
Sejam comunhão:
Entre o que você sente
E o que sinto –
Elo eterno
De uma amizade
Sem falta de solicitude,
Desde que haja
Terno respeito
Mútuo.
Fábio Padilha Neves.
Obs: Obra de Lucien Freud.
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