terça-feira, 27 de março de 2012

Chilrear de Chirico



No chão
Sem perdão
Repousa
O que resta
De um busto:
Vertigem
Louca do imóvel.

Chão
Que nem sempre
Segue a ordem
Ordinária
Da vida.

Tal é o absurdo
Um tanto quanto
Surdo
De suas visões.

Uma vez que,
Um dentro
Não tão dentro
Ou
Um fora
Mais que fora
Prevalece
Pleno de vazio.

Vazio puro
E impuro,
Não sem
Inquietação,
Não sem
Estremecimento,
Não sem
Ação
Desprovida de ação.

Perturbadora
Ou não,
Cada imagem
Perdura,
Como se houvesse,
Por toda vida,
Um segredo
No degredo da alma.

Como se houvesse
Ao longo
Do descomum
Algo
Em comum
Que nos habita.

Quem se habilita
A ter uma janela
Sem que haja
Certeza nela?

Quanto
De delírio
Há na exatidão
Da sombra?

Seria a cultura
Um peso
Com grande pesar
Ou
Um enlevo
Com gratidão?

Ver
Seus trabalhos
É um acontecimento
Que nos escapa
E que nos trespassa.

Reunião
Entre a verdade
E aquilo que
Um dia
Foi a mentira.

Pois,
Sem dúvida,
Não pertencer a algo
É sempre
Algum modo
De pertencer.

Pois,
Sem dúvida,
Não acreditar em algo
É sempre
Algum modo
De crença.

Pois, então,
Qual a ilusão
Que não tenha
Voragem
Por realidade?





Obs: Obras de Giorgio de Chirico.

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