quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Drama e beleza através das lentes
Nem os olhos, nem a respiração, nem o desejo assumem um verdadeiro enlevo, se não houver beleza, se não houver apelo imediato das obras, se não houver, ali presente, uma confidência humana. Fato que se comprova em cada foto da exposição “Extremos”, no Instituto Moreira Salles. Tal é a gana para compreender o drama humano, tal é o volume das ondas da alma, tal é a abundância de realidade. Não há máscaras, nada disfarça a verdade dos olhos, nenhum anseio fica longe da superfície das fotos, jamais o mundo não se mostra inteiro, em sua miséria, em sua guerra, em seu preconceito, em seu pecado, em seu veneno, em sua tragédia.
Jamais falta a beleza da mãe que aconchega com ternura seu pequeno bebê; jamais falta o dom de ver uma paisagem, em todo seu esplendor, em todo seu sonho feito de luar, em toda sua alegria noturna; jamais falta a volúpia do corpo feminino. Qual será o paradeiro do destino humano? Talvez, só a flor de uma moça diante de um exército possa saber... Qual será o significado desse mundo de aparências que é o nosso? Talvez, só o olhar perdido, o olhar calado, o olhar sem brilho de Marilyn Monroe possa saber... Qual será o fruto dos esforços de tanto trabalho exaustivo? Talvez, só os olhos de um trabalhador negro, plenos de perplexidade, possam saber... Com efeito, tal exposição é uma densa oportunidade de tirar o limo do espelho que, de fato, impede a visão de nossos próprios olhos... Venham e não tenham medo de tamanha experiência.
Fábio Padilha Neves
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