sábado, 31 de dezembro de 2011
À alegria solar de Marissol
Marissol, teu avô estava certo quando lhe deu tal apelido. Teu avô viu, desde cedo, o que havia de Maria e o que havia de Sol em tua alma. Teu avô já sabia do teu dom de ser luz, do teu dom de ser vida. Teu avô já via, naquela pequena, que era você – o encantamento de tua presença: sempre alegre e criativa, sempre pura e sabida, sempre terna e contemplativa. Teu avô, com certeza, sabia que teus olhos abrangiam o mundo, a ponto de ser devota das flores e dos bichos, a ponto de descobrir no rumor do rio um amigo, a ponto de sorrir enquanto o Sol sorri, a ponto de não distinguir a pele do luar, a ponto de ser feliz com tão pouco que, na verdade, é muito. Teu avô, talvez, pegava tua mão pequena como quem aconchega um raio de luz, como quem, incerto, não sabe segurar dedos tão pequenos. Teu avô queria teu riso por toda parte, como se tua alegria fosse a dele. Teu avô queria apenas teu silêncio – volta e meia, pleno de sabedoria. Teu avô queria apenas ser jovem – como você é e sempre foi. Teu avô queria apenas a cor de seus olhos – que hoje ilumina seus filhos. Teu avô queria apenas a tua fé na vida – que fortalece a todos. Teu avô queria apenas a tua bondade – que me encanta tanto. Teu avô queria apenas ouvir teu nome radiante para lhe acalmar – assim como acalma sempre os mais próximos. Teu avô queria apenas repetir: Marissol, minha doce Marissol...
Fábio Padilha Neves
Obs: obra de Turner.
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