quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Minha versão de retrato chinês
Se Pamela fosse uma cor, seria o branco carnudo do jasmim. Se ela fosse um livro, seria “Em busca do tempo perdido”. Se ela fosse um perfume, seria aquele que quase ficou na minha blusa... Se ela fosse um móvel da casa, seria a poltrona da varanda. Se ela fosse um instrumento musical, seria uma flauta doce. Se ela fosse um tipo de vento, seria aquele vento de verão que recebo, com sutil estremecimento, depois de tomar banho. Se ela fosse uma luz, seria a das cinco da tarde. Se ela fosse uma paisagem, seria as quedas calmas de uma cachoeira. Se ela fosse um elemento da natureza, seria o fogo onde quero arder... Se ela fosse uma música, seria “Painted from the memory” de Elvis Costello. Se ela fosse uma parte do quintal, seria a cadeira de balanço. Se ela fosse um tipo de voz, seria um confidente sussurro - que não experimentei, mas suspeito. Se ela fosse uma textura, seria da qualidade e temperatura do cobertor assim que saio da minha cama... Se ela fosse uma peça de roupa, seria a sensualidade da meia-calça. Se ela fosse uma pintura, seria uma bailarina feita por Degas. Se ela fosse um animal, seria um cisne. Se ela fosse uma virtude, seria a arrebatadora firmeza do olhar. Se ela fosse uma cidade, seria Veneza. Se ela fosse um país, seria Peru. Se ela fosse uma palavra, seria alumbramento. Se ela fosse sim um tempero, seria uma pitada de pimenta. Se ela fosse sim algo do fundo do mar, seria uma concha esmaltada. E se ela, por fim, fosse meu epitáfio, seria “Mal tive seus lábios e esse é todo o meu mal...”
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