terça-feira, 19 de maio de 2009

Nem todo o sorriso vale o mesmo que os olhos


Não sei em outros lugares, mas aqui no Brasil tem-se o costume de sorrir para a foto; o fotografo sempre clama e reclama por um sorriso, quer você queira, quer não e é até falta de etiqueta senão cumprir; pois bem eu acredito no sorriso quando é espontâneo. Caso contrário, parece que deixamos de revelar o nosso verdadeiro eu e passamos a fazer propaganda que somos felizes e bonitos. Você pode estar nos seus piores dias, mas não importa; sorria e nada disso será visível.
Curiosamente nem todos são bons atores; há alguns que não conseguem se esconder nessa máscara chamada de “X” por quem tira a foto; por mais que tente, lá do fundo de si mesmo, há algo que vem para a superfície de modo incontestável. Agora não posso deixar de notar que há bons atores que mesmo sem vontade desabrocham a boca de maneira confiante, que pode não ser seu melhor dia, mas e daí? Respeito a todos e até acho engraçado e às vezes trágico os nossos esforços. Mal nenhum se faz, mas admiro quem se mostra como é, por isso gosto tanto dos auto-retratos de Rembrandt na velhice; ali o pintor não procura as aparências, nos lega apenas a sua humanidade; sorrir aqui no caso seria mentir (claro que ele não era só sombras), o que vemos é um homem por inteiro, de certo em sua precariedade, mas de fato um homem. Suponho que Rembrandt se espantaria com o flash e diria: Para quê? O que importa é a centelha que vibra nos olhos, eu concluiria...

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