sexta-feira, 29 de maio de 2009

Miragem de Pedra







Cristiano Mascaro tem uma bela compreensão das qualidades de cinzas encontradas numa cidade. Sua foto, vista ao vivo, sugere um mundo de fascínio onde céu, prédios e árvores possuem poderosas correspondências. É de fato uma miragem de pedra... A névoa contribui muito nesse sentido, mas Mascaro não pára por aí, já que seus trabalhos são uma intensa pesquisa por formas das mais variadas; Cristiano primeiro se depara com a cidade, com o parque e com a rua para ali encontrar a forma no que possui de vital, pois quando vê um carrossel, busca um ângulo que condiz com a dinâmica do brinquedo, ou quando vê a ruína de uma casa, procura um modo de explorar a geometria do que ainda se encontra lá. Cristiano converge elementos, a princípio, díspares como um prédio desativado e uma ponte que juntos adquirem uma bela consistência plástica. E não só o velho como também o novo provoca a sua sensibilidade, basta ver “Tokyo#1”, que chega quase a ser um quadro abstrato e que são, na verdade, prédios que se conjugam incisivamente. Além disso, Mascaro num relance, numa visão extremamente aguçada, apreende os matizes de luz de um corredor de metrô, que passa tantas vezes despercebido por tantos, como na foto “Lisboa#1” e com esta o requinte a que se pode chegar uma foto. Cristiano mostra enfim como as fotos podem ser mais do que um simples registro, mais do que um por aqui passei; o que ele nos diz é que lá há algo denso a ser visto, não é uma mera ruína, mas aquela ruína... Não é uma cidade que só lembramos da poluição; com Cristiano Mascaro queremos chamar qualquer lugar de nosso... Uma ótima exposição esta na Galeria Nara Roesler.

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