Nos primeiros trabalhos de Monet, ele dá uma clara atenção às figuras, porém, paradoxalmente, são estas “pano de fundo” para a natureza. Quase nos esquecemos delas, pois as plantas e flores de Monet possuem uma energia e, sem dúvida, uma presença maior. Já estava ali o que viria a ser seu quase exclusivo tema.
Assim sendo, explora a natureza em toda a sua diversidade, faça sol, faça neve, seja mar, seja campo, mas, curiosamente, o céu nem sempre tem tanto destaque. Nem sempre, mostra a voluptuosidade do céu como Van Gogh; havia algo em Monet que se deixava fascinar mais pelo efeito da luz nas águas e nas coisas. Mesmo seu quadro “Impressão, sol nascente” nos encanta mais na metade para baixo, ali, sim, a cintilação do laranja com suas oscilantes pinceladas são passo decisivo para o que virá depois.
De certo, é como se Monet percebesse um campo ainda não tão experimentado. Houve um Turner para apreender a atmosfera de luz, mas faltava um artista que se assombra com as luzes numa catedral, que se embevece com as cores de um monte de feno - no fim de tarde. Até chegarmos aos quadros de Giverny, sutis em suas vibrações e cores, que sempre pede um olhar demorado, que não tem pressa para as cores; como descrever tais telas? Compreendemos que é um lago, mas nesse caso sonhar nunca foi tão real. Compreendemos que ali há plantas, mas nunca a tínhamos visto tão inefáveis. Monet é mestre do imponderável.
Obs:Os quadros de Veneza e Londres são maravilhosos, mas ainda assim, defendo aqui, onde Monet foi mais original.
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