quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Portinari: tanto um quanto outro lado da alma
Diga-me, âmago,
Qual lado da alma
Posso encarar
Sem pranto?
Posso ao menos
Distinguir o choro sereno
Do choro de angústia?
E se houver tal
Possibilidade
Por onde começar?
Pergunto-me,
Confuso, pois
Jamais sei
O quanto há
De guerra,
Nem o quanto
Há de paz
Em minha alma.
Posso tanto ser
O coro celeste
De crianças
Ao longo do vento,
Como também posso
Ser o drama
Dos braços
Erguidos
Em busca
De Deus.
Posso ainda olhar
Para cima
Em ambos os painéis,
Mas nem sempre posso
Olhar e ver algum
Paraíso.
Muito embora,
Seja certo que
Nem sempre
A criança que
Brinca bem aqui
Morre tal como morre
Logo ali.
É verdade também
Que nem sempre
O encontro das mãos
Vai ser o desencontro
Derradeiro
Que se chama
Morte.
Sei bem que
Qualquer que seja
O espelho
Que se olha
Não se fica
Sem alguma
Imagem
Do mundo.
Mesmo que seja
O mundo
Que não se compreende.
Mesmo que seja
O mundo
Que traz dor e prazer
Em tanta compreensão
Latente.
Percebo,
Sem muita nitidez,
Diante de mim
Um rosto na sombra.
Ao mesmo tempo em que
Do outro lado
Percebo
Um clarão
Que logo se faz rosto.
Mãos - vejo,
Mas não vejo sempre
Que rostos vejo.
Mais adiante, vejo, sim, algo dos rostos -
Um olhar, talvez -
E, por ventura, esqueço-me
Das sofridas mãos.
Dança - quando há -
A minha alma
Dança.
Quando há
Apenas prostração,
Prostro-me
Junto.
E o que vai além
Do mal
É a alvura
Do formoso cavalo.
E o que fica aquém
Do bem
É o negrume
Dos corcéis
Prestes a nada
Preservar.
Assim,
Há momentos de dúvida
Sem consolo.
Há momentos de consolo
Sem nome
Que se dê à dúvida.
E enquanto houver
Mais ou menos
De mim,
Ainda haverá
De minha paz
Guerra
E de minha guerra
Paz...
Fábio Padilha Neves
Obs: clique na imagem para aumentá-la.
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show
ResponderExcluirOlá Jeff!!! Fico muito feliz que tenha gostado! Como andam os projetos de fotografia? Mande notícias!
ExcluirGrande abraço,
Fábio.
Oi Fabio tudo bem??? Mas uma vez parabens pelo seu maravilhoso texto!!!
ResponderExcluirUm grande abraço
Maria Helena
Que alegria saber que gostou, Helena!
ExcluirQuando houver mais postagens tuas: mande para mim! Acho muito sensíveis tuas poesias!
Grande abraço,
Fábio.
Ainda preciso te apresentar a Janaina... Quando estivermos perto do Mube, vou levá-la para que te conheça, Helena!
ExcluirGrande abraço,
Fábio.
Parabéns Fábio mais uma vez. Surpreso! Grande poema, és um poeta nato mesmo. Sucesso!
ResponderExcluirAbço.
Joseph
Olá, Joseph!!! Fico sempre muito feliz com tua presença em meu blog! E não me esquecerei jamais de tua solicitude para acompanhar eu e a Janaina, no Mube: com grande sensibilidade e domínio do tema. Muito sucesso para você também, Joseph! Grande abraço, Fábio.
ExcluirOi Fábio, lindo texto! parabéns!
ResponderExcluirabraços,
Ruy