sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fotografias da alma



Sim,
Ainda há brilho
Furtivo
Em meus olhos,
Que permanece sim
Mesmo depois
De já não haver nada
Senão papel e tinta
Diante de mim.
Quem me proporciona
Tal escopo
É o doce silêncio
Da FAAP.
Sem qualquer
Ansiedade latente,
Já que meu
Olhar
Perambula de
Foto em foto,
Prestes a ser
Momento sem ímpeto
Algum
Que não venha
A contento,
Sem espaço
Algum
Que não seja
Vastidão da alma.

Quando vemos
Um retrato
É possível que seja
Tanto
Sondagem espiritual
Quanto
Sedutor lirismo.
Quando vemos
Um simples encontro
Em família
Qual não é a suprema
Delicadeza
E sincera alegria?!

Em tudo,
Sem sequer um minuto
Brusco,
Descubro, aqui e ali,
O que o coração
Guarda no lusco-fusco.

Sonho
Assim como se
Sonha em
“Bubi com a bola”, de Jean Moral.
Sonho o que Pierre Verger
Viu e entreviu
Na alegria do Brasil.
Sonho, do fundo da alma,
Como gostaria
De ser
Aquele guarda-chuva
Da moça
Ao longo do dia
Que já se foi...
Sonho, sabendo
O quanto ainda não sonho,
Todo gesto de
Pureza humana
Que vejo.

Sonho, embora haja
Lucidez enquanto sonho,
O fulgor noturno
De São Paulo –
Longo rastro de
Eletricidade e cavalos.
Sonho, sem saber até quando,
Com o entardecer
De uma ponte,
Sem premente alarde,
Sem que nada me desaponte.
Sonho, jamais tão pleno,
O batismo
De luz e sombra
Que cada fotógrafo
Recupera em mim...

Fábio Padilha Neves

Obs: Obra de Thomas Farkaz.

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