sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O prazer de andar








O MuBE, para quem não o conhece, pode deixar alguém perdido. No primeiro momento, ao entrar pelo pátio, dificilmente nos localizamos para saber onde tudo começa, e na verdade já começou. Por fora sentimos a liberdade que um pátio nos oferece, sendo que, aqui e ali, adquirimos pistas do que está por vir.
Podemos tomar três caminhos para se chegar à entrada de seu interior. Um dos caminhos leva ao lago triangular onde encontramos carpas e nos deparamos com uma bela visão do museu (entre muitas), pois sem dúvida o prédio é mais que uma simples caixa; assemelha-se à diversidade de um origami, além da delicadeza de seus contornos. Há também o amplo caminho que conduz às escadarias cuja descida fazemos em ritmo lento devido a sua largura situada quase abaixo da marquise de concreto. Outro caminho seria descer uma rampa lateral que é acompanhada por um estreito lago de carpas. Todos esses caminhos seguidos ou não por veredas fazem chegar à entrada do museu; o que vimos por fora revela pormenores essenciais para o que virá depois, isto é, o seu interior...
Se entrarmos pelo grande salão, vê-se que a divisão de planos que ocorrem lá fora se repete dentro, de forma bem mais sutil; os planos unem-se através de uma rampa que suaviza a ordem espacial. Um espaço amplo sem janelas, com exceção das clarabóias quando se pretende luminosidade. Logo em seguida temos uma passagem que nos conduz por outro espaço onde o plano mais baixo justapõe-se a outro mais alto( a sala Burle Marx); o que muda a perspectiva do olhar dependendo de onde se estiver. Isso sem deixar de notar que no plano superior nos deparamos com grandes janelas que dão para o lago estreito de carpas que serve de contraponto lírico a toda a arquitetura de concreto realizada por Paulo Mendes da Rocha. Tal obra aqui seduz pela sua simplicidade de soluções e pela bela ordenação plástica que dá ao trabalho. Afinal, quem mais para fazer uma administração que parcialmente ladeia o lago? E o que falar desse lugar agradável que é o restaurante do museu? Sua arquitetura não é maquina de morar e sim uma construção para se amar...

2 comentários:

  1. Será que nesta construção para se amar encontro outro amor lá?

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  2. Encontra sim, estou lá normalmente das dez às quinze horas!

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