segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dom da ternura




Jana, minha Linda, meu amor, descubro toda essência da vida apenas contigo, descubro todo enlevo do mundo com ninguém senão contigo, descubro toda poesia do amor contigo somente contigo. Mesmo que um dia você não me queira mais, mesmo que, no futuro, meu destino seja talvez a solidão, mesmo que, numa certa noite, a Lua não volte mais a face radiante para mim, mesmo que, num dia de Sol, a minha pele não reconheça mais a brisa, mesmo que, durante o dia, as flores não me perfumem mais como antes, mesmo que, no aconchego de uma praça, os pássaros não procurem mais gravetos por perto de mim, mesmo que, numa caminhada, o céu azul esteja trincado, mesmo que, num momento derradeiro, não possua mais o amanhecer de teus beijos, mesmo que, na vertigem do mundo, não possua mais a alegria de teu sorriso, mesmo que, no fundo, não possua mais os olhos que jamais vi com tanto encanto, mesmo que, para meu desespero, não possua mais a suavidade de tuas mãos, o afago de teus dedos de chuva, as carícias plenas de ardor e fulgor, mesmo que já não possua mais a redenção de tua nuca, mesmo que, na minha amargura, não veja mais teu portão – o carinho e o amor de tua acolhida, mesmo que, num tempo sem enlevo, não saiba mais o que são as estrelas sem você, mesmo que, num tempo sem dom, não saiba mais o que é a Primavera sem você, mesmo que, na solidão, não saiba mais porque o Sol brilha, mesmo que, para todo sempre, não saiba mais quando as folhas secas apagaram o meu rastro do chão, mesmo que, de espasmo em espasmo, não saiba mais a região em que meu coração pulsa, mesmo que, na escuridão, não saiba mais murmurar a melodia de teus lábios, mesmo que, por certo, não saiba mais dos cílios que recolhi de tua face, mesmo que, sem horizontes, não saiba mais o que é ouvir o sussurro de tua voz, mesmo que, na pura desventura, não saiba mais o que é a presença cálida de tua pele, mesmo que, na certa, não saiba mais com que modo já sorri para vida, com que modo vi nos teus olhos amor, com que modo por ti chorei, mesmo que um dia já não haja mais nada disso tudo, sei que te amei, sei que te amo, sei que te amarei por toda a minha existência, e que valeu a pena cada segundo contigo, e que valeu a pena cada beijo teu, e que valeu a pena cada chama mútua.


Mesmo que um dia seja um senhor de idade solitário, sei que o som de minha bengala será a constância de meu amor por você, sei que o movimento de minha cadeira de balanço será a cadência de cada lembrança que tive contigo, sei que meus olhos já um pouco cegos serão apenas olhos para o amor por ti, sei que minhas rugas ainda terão o rubor de teus beijos, sei que vou estar sempre perdido em casa para o que já não encontro mais – que é a tua presença. Mesmo que um dia talvez seja assim, mesmo que um dia talvez seja esse o meu drama, mesmo que um dia talvez seja esse o meu destino, ainda assim tudo o que senti contigo me faz feliz, tudo o que vivi contigo me faz amar ainda mais a vida, tudo o que vi do mundo me faz ver tua beleza, tudo me faz ainda mais humano, tudo me faz conhecer o amor que jamais tive igual, que jamais esquecerei...







Obs: Obra de Monet.

Dedico à minha doce Jana.

2 comentários:

  1. Ê Fábio o amor é mesmo a coisa mais maravilhosa deste mundo, ás vezes eu fico em dúvida, mas o seu poema me faz acreditar que ele existe mesmo. E como não canso de dizer;vc me deixa sempre emocionado com as suas poesias. Quando leio parece que eu estou vivendo tudo aquilo. Parabéns!!! E sucesso sempre.
    Joseph.

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  2. Poxa, Joseph!!! Fico muito feliz que tenha gostado da poesia! É sempre um prazer ter almas sensíveis, como a tua, em meu blog.

    Grande abraço,

    Fábio.

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