domingo, 17 de outubro de 2010

Aforismos errantes




Quando falamos pela primeira vez a palavra Amor, não a compreendemos muito bem, mas ao sair pela última vez de nossa boca, nada mais precisa ser compreendido...

Já li uma vez que o trabalho é a coluna vertebral do homem, e se assim for, a arte é a medula que vai dentro.

Falamos tanto da asa, mas esquecemos da aerodinâmica...

A Terra é redonda para os astronautas e para os muito ricos que podem viajar pelo espaço. Os primeiros se voltam para o espaço e os últimos querem olhar para a Terra sem o temor de serem roubados.

Para quem está cabisbaixo, o céu; para quem está muito eufórico, o chão.

Somos ousados na medida em que somos sinceros.

A pressa é amiga da tensão.

Nunca fomos mais sem graça tentando ser engraçados...

O futebol é o xadrez para leigos.

Rotina não é fazer sempre a mesma coisa, mas fazê-la sem se divertir.

Alguém já viu uma árvore se entregar pela metade ao vento?
Não há uma folha que não seja pura entrega...

Nem todo o movimento mental quer dizer inteligência; pode ser apenas ambição de sê-lo.

Sou macaco velho, porém não estou livre de fazer cada macacada...

Cuidado com o hábito de saborear a vida como se fosse chiclete, prazeroso no começo e de forma automática e sem graça no final...

A mentira tem perna curta e tombo longo.

O cachorro late para quem se aproxima de seu território e, em contrapartida, o gato mia para nos lembrar que seu território é ilimitado.

Pode-se avaliar uma pessoa pelos momentos em que ela se cala.

Talvez o pior estado de espírito seja aquele em que sei o que as pessoas pensam de mim, mas que, por outro lado, não sei direito o que pensar sobre mim mesmo.

A faísca é uma semente que germina diante dos olhos...

A primavera é como o bolso da minha calça: durante a noite cheira a casca da tangerina que comi durante o dia.

O silêncio do útero é a música do mundo.

Um romance nos deleita por seu frescor de cachoeira que mesmo depois de longe ainda escutamos o suave rumor.

O farol é a única estrela que brilha na Terra e para a Terra.

A miragem no deserto é por falta do rumor das cidades e a miragem nas cidades é por falta de desertos onde se possa cultivar nossa solidão.

As palavras desatam aquele nó que parece incorrigível...

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