quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Do traço ao sonho: uma arquitetura







A arquitetura sempre me fascinou por sua maneira peculiar de lidar com o espaço, de produzir sensações que mudam de acordo com nossa interação física ou mesmo com as possibilidades que as fotos já nos sugerem. O trabalho de Diego Brasil, que só conheço por fotos, destaca-se por sua riqueza harmônica, por seu arrojo de acrescentar à harmonia sutis desequilíbrios, certas variações que longe de lhe tirar a beleza, lhe dão mais expressividade, pois a ousadia bem modulada traz um prazer que mora nos detalhes e resulta num todo íntegro e bem acabado.
Fato que se comprova quando vemos a Casa Casca cujo poder plástico consiste na vivacidade das linhas, no uso certeiro de materiais como, por exemplo, a madeira; na sedução de não apenas se aproximar de sua densa presença, mas, com efeito, de penetrar em sua “casca” acolhedora. Quanto à luz que nela incide nada pode ser mais incisivo e parte indissociável de seus traços cubistas, muito diferentes da luz numa arquitetura de Niemeyer que é suave e acompanha a terna textura de suas obras. Enquanto em Niemeyer a luz tem mãos de escultor, em Diego a luz é de afiada lâmina.
Diego, é importante notar, estuda a condição externa sem se esquecer de como conjugá-la com seu interior, de como dar vazão à luz sem subtrair a intimidade e aconchego que se espera. E fico decerto embevecido com a destreza de amalgamar uma arquitetura em relação à paisagem como ocorre com a Casa Morrinhos que, de perfil, se mostra bem absorvida pelo espaço e, ao mesmo tempo, dando intensidade e dinâmica ao lugar, através, sem dúvida, dos recortes e vazados e da cor ocre e branca que encontramos em sua casa. Sabe não só ser econômico em seus resultados como também ter imprescindível limpidez nas formas com rara alegria, tal como observamos em sua Casa G, tamanha é a volúpia de realização, de lucidez compositiva, de liberdade ardorosa por algo único e consistente.
Sem deixar, contudo, de ser compacto quando necessário, com poucas linhas, mas muito confiante no modo de modular as formas tal como vemos e revemos sem cansar no Comercial Vitrinas. Envereda, até mesmo, em trabalhos que lembram Le Corbusier trazendo, porém, espaços vazios intercalados com colunas, de mutáveis inclinações, que surpreendem pela agilidade de soluções (vide Casa Primavera). É, em suma, um arquiteto ainda jovem e que, aos poucos, virá a se destacar cada vez mais, muito devido ao pleno vigor de propostas bem executadas. E não é de outro modo que vale a pena conhecer seu trabalho.

Obs: www.diegobrasil.com.br é o seu site onde vamos encontrar belas fotos de suas obras.

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