quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O bem que uma coreografia faz...




Vai aqui uma dica: quem, por ventura, quiser entender a Civilização, sem dúvida, leia Kenneth Clark, ou quem quiser entender o Amor que leia Proust, agora quem quiser algo que não seja um livro, mas que fale com tanta paixão como aqueles; sugiro uma coreografia de Jiri Kylian. Nada pode ser mais doce em seus andamentos, nada pode ser mais vibrante que seus gestos. Jiri escolhe o corpo como material de trabalho, e sabe em que medida o movimento e sua gradual pausa são importantes caso sejam densos; e sabe, como poucos, dosar a intensidade que anima o corpo, intensidade que se soma na presença de outro corpo, pois uma chama instila a outra, o que torna a coreografia ainda mais expressiva. Quando vemos dois de seus dançarinos, plenos de vigor físico, e prontos a experimentar os limites que o corpo é capaz, não temos dúvida da beleza de tais duetos. Não temos dúvida que Jiri Kylian dispõe de tal forma seus dançarinos que dá a impressão de formarem algo tão volumoso como uma onda; cada gesto se levanta e cai com o mesmo vagar do mar. Cada olhar dos dançarinos está totalmente absorvido pela dança, como se fossem o lago de Monet e o que nele se reflete. Não há gesto que não seja profundamente sentido, nem mão que segure um corpo sem que contenha a eletricidade da noite. Jiri Kylian faz da dança um universo de extrema sensibilidade e de extremo fulgor; que se faz sentir na pele daqueles corpos...

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