sexta-feira, 17 de abril de 2009

As sutilezas da cor



Nos primeiros trabalhos de Monet, ele dá uma clara atenção às figuras, porém, paradoxalmente, são estas “pano de fundo” para a natureza. Quase nos esquecemos delas, pois as plantas e flores de Monet possuem uma energia e, sem dúvida, uma presença maior. Já estava ali o que viria a ser seu quase exclusivo tema.
Assim sendo, explora a natureza em toda a sua diversidade, faça sol, faça neve, seja mar, seja campo, mas, curiosamente, o céu nem sempre tem tanto destaque. Nem sempre, mostra a voluptuosidade do céu como Van Gogh; havia algo em Monet que se deixava fascinar mais pelo efeito da luz nas águas e nas coisas. Mesmo seu quadro “Impressão, sol nascente” nos encanta mais na metade para baixo, ali, sim, a cintilação do laranja com suas oscilantes pinceladas são passo decisivo para o que virá depois.
De certo, é como se Monet percebesse um campo ainda não tão experimentado. Houve um Turner para apreender a atmosfera de luz, mas faltava um artista que se assombra com as luzes numa catedral, que se embevece com as cores de um monte de feno - no fim de tarde. Até chegarmos aos quadros de Giverny, sutis em suas vibrações e cores, que sempre pede um olhar demorado, que não tem pressa para as cores; como descrever tais telas? Compreendemos que é um lago, mas nesse caso sonhar nunca foi tão real. Compreendemos que ali há plantas, mas nunca a tínhamos visto tão inefáveis. Monet é mestre do imponderável.


Obs:Os quadros de Veneza e Londres são maravilhosos, mas ainda assim, defendo aqui, onde Monet foi mais original.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Léger na Pinacoteca

Fotos extraídas do Google de Tarsila e Léger


A exposição, na Pinacoteca, de Léger surge repleta de belas obras. E não ficamos apenas entre pinturas; temos também gravuras, projetos arquitetônicos e tapeçarias. São trabalhos que influenciaram artistas brasileiros, como Tarsila do Amaral. Assim sendo, a exposição não é só sobre Léger, mas como culturas diferentes tinham algo em comum.
Ambos, Tarsila e Léger, tinham algo do cubismo, principalmente, a simplificação das formas, um tanto geométricas, mas sem o intuito de mostrar várias perspectivas. Fora isso, mestre e aluna eram bem diferentes.
Tarsila com o passar do tempo encontrou o próprio estilo que era de uma alegria irradiante por seu povo e pela modernidade crescente no Brasil. Mesmo que simplificasse as pessoas, ainda assim havia a marca da personalidade em cada um delas. Vendo seus quadros na época nem dava para supor o que se tornaria nossas caóticas cidades.
Quanto a Léger, não reparamos na personalidade de cada indivíduo; todos parecem iguais, no entanto é a cor que os fazem distintos. Uma cor que nem sempre vem com o sentido de preencher os seres e sim mostrar o dinamismo entre as pessoas e os lugares que vivem ou trabalham; o que vem de fundo interage com as figuras em primeiro plano; há uma cor que flui de um lugar para outro, que é generosa com tudo que toca. O corpo assim assume uma beleza que convence pela inventividade que vai encontrar no próprio estilo. Faz braços e pernas, delgados que não se vê na natureza, mas que possui veracidade na pintura. Léger mostra, com seus trabalhos, que há algo de sofisticado em seu modo simples de ver a vida.